O SILÊNCIO DO POETA
À tardinha desse mesmo dia, Um radialista divulgou o aviso mais triste. Não poderia ou não deveria ter sido verdade. Era muito cedo, mas a missão fora interrompida. A floresta cobriu-se de luto. Os passarinhos emudeceram. Seu violão nunca mais emitiria acordes A partir do toque de suas mãos! Seus dedos longos e ágeis nunca mais passeariam sobre as cordas que centenas de vezes afinara. Não havia mais inspiração nem canção... Somente o pranto e uma dor profunda de revolta, talvez. Éramos novos demais para compreendermos tamanha perda... Eu, sua filha mais velha, havia completado 11 anos. O homem, poeta, pai e amigo solidário e feliz, que soubera conquistar tantos amigos, havia feito sua última viagem aos 38 anos de idade. O poeta que cantava tão belo e inspirado, e que encantava tanta gente em várias regiões de seu Estado de origem (RN) e da PB, onde residia, O poeta que atraía grande número de pessoas nas noitadas de festas para as quais era convidado... Agora, era só silêncio!!! O poeta calou-se para sempre!!! E suas canções nunca mais embalaram Nosso sono e nossos sonhos... Era 22 de agosto de 1968, em Natal, para onde fora levado para cuidar melhor da saúde, mas naquela época, por mais que os médicos tentassem salvá-lo... de nada adiantou! Como eu ainda queria tê-lo junto a mim! Mas acredito que ele está bem. Certamente melhor que eu. Penso que a outra vida... Não se compara a essa, nesse vale de lágrimas onde vivemos. De você, papai, (era assim que nós o chamávamos) guardo comigo as melhores lembranças. Você foi o pai brincalhão, que nos conduzia nas costas. Que brincava conosco como se menino também fosse. Você não foi o marido perfeito nem o melhor pai do mundo. Mas foi o pai que conseguiu ser! Eu tenho orgulho de ser sua filha. E tenho certeza que se vivo estivesses, sentirias orgulho de mim, dos meus irmãos e dos netos que tem! Acredito na outra vida. Acredito no perdão e na misericórdia divina. Por isso, creio que Deus reservou também para você um lugar em Sua Morada Celestial. Com muitas saudades... Como se tivesse sido ontem... Isis Dumont Recordando a primeira grande perda de minha vida: A morte de meu pai Fernando da Silva Ramos. Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 22/08/2012
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