Aparecida Ramos - Prosa e Verso
Palavras que a alma e o coração não calam.
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Marido,  vítima de erro médico


O par de pernas e o bumbum mais bonito e cobiçado da cidade, tinha sobrenome tradicional e endereço em área nobre do bairro. Naquela noite, próximo à cidade universitária, encontraram-se pela primeira vez em um cruzamento. Edite, 18 anos, muito bonita, moça de boa família, residia com os pais em uma capital n'outra região. Há uma ano estava morando na cidade, em um ap, custeado por sua família, tendo em vista que ainda não trabalhava. Aprovada em primeira colocação,no vestibular para medicina, investia todo seu tempo nos estudos. Raro era alguém ver a jovem nos finais de semana na companhia de amigos em alguma diversão. Túlio, um galã, de invejável beleza, era filho mais novo de uma família de seis irmãos, morava na cidade desde que nasceu. Aos 20 anos, também não trabalhava, vivia para estudar, mas para realizar o sonho de seus pais, que sempre sonharam em ver pelo menos um dos filhos formado em medicina.
Aqueles minutos durante a espera no sinal de trânsito, foram determinantes para que os dois passassem a nutrir uma certa simpatia um pelo outro. Ambos dirigiam sozinhos e ficaram lado a lado enquanto policiais resolviam uma discussão entre motoristas e pedestres. Tempo suficiente para que os dois compreendessem as "inocentes" intenções que seus olhares ali demonstraram. A troca de telefones foi inevitável e no dia seguinte lá estavam os dois juntos a conversar antes do início da primeira aula. Edite cursava o primeiro ano e Túlio já se aventurava no segundo semestre do segundo ano. Passaram a marcar encontros sucessivos nos finais das aulas. Dois meses depois e já namorando firme,  ele convida a jovem para conhecer sua família. Edite foi recebida de forma gentil e calorosa pelos pais e irmãos de Túlio. Todos diziam que haviam sido feitos um para o outro, que combinavam muito bem e por isso, formavam um lindo casal. Nas férias do mesmo ano, Edite viajou com o rapaz para a casa de seus pais. A receptividade não foi diferente da primeira, e Túlio, logo mostrou-se como um bom cavalheiro e cheio,das melhores intenções para com a namorada, aproveitou o ensejo para pedir-lhe em casamento. Os pais (de Edite), não fugindo à regra das tradições familiares, trataram logo de marcar o tempo para o casamento. Os jovens evidenciaram o desejo de se formarem antes de casar, mas não foram ouvidos e tiveram que concordar com a data previamente marcada. Seis meses depois os dois se casaram na igreja matriz onde Edite havia sido batizada. O enlace ocorreu conforme a tradição, e em cerimônia pomposa realizada no melhor buffet da cidade. Durante os três primeiros anos o casal aproveitou para curtir bastante o relacionamento, tendo em vista que o tempo de namoro foi um tanto resumido. Túlio já estava no último ano do curso quando Edite engravidou, tendo sido uma decisão dos dois. Antes de concluir a faculdade, Túlio tornou-se sócio em uma conceituada clínica na cidade, que também é capital de seu estado. O trabalho profissional passou a ocupar a maior parte de seu tempo. A esposa, muito educada e compreensiva, apesar de sofrer pelas ausências do marido, principalmente quando seu estado de gravidez exigia uma presença mais constante, procurava entendê-lo e evitava qualquer discussão que lhe causasse aborrecimento. Túlio passou a se distanciar de Edite cada vez mais. Passou a inventar falsos plantões na clínica, inclusive durante a noite, deixando-a sozinha com a empregada. A jovem futura mamãe dos gêmeos Augusto e Ágatha, jamais imaginara que seus filhos nasceriam órfãos de pai. Faltando apenas dez dias para a cesariana, Túlio suicidou-se com um tiro no ouvido, após ter sido flagrado por seu colega de profissão (e sócio majoritário na clínica), na sala de repouso dos médicos, com a esposa do mesmo. 
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Ísis Dumont
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 10/06/2014
Alterado em 16/06/2014
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