Aparecida Ramos - Prosa e Verso
Palavras que a alma e o coração não calam.
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Desajuste familiar, desemprego, falta de formação profissional, vícios e "distanciamento" de familiares (pais, irmãos) podem levar uma pessoa a perder a coragem de lutar pela própria vida...

Ontem foi com Ivaldo, Lúcio, Claudete, em lugares diversos... Hoje,(em minha cidade), foi com um jovem pai de 27 anos. Era madrugada, houve discussão. O filho (criança) tentou impedir, mas acabou presenciando tudo! O pai, em um momento de maior fraqueza, desistiu de viver. Cravou uma faca peixeira no próprio peito!

Partipei do momento de oração de "recomendação do corpo", no Ginásio de Esporte, aqui próximo. No final, vi quando o pai, vindo de outra cidade, aproximou-se do caixão e começou a cobrir-lhe o rosto com beijos. Percebi o remorso estampado em sua face. As palavras que pronunciava com voz embargada, eram de quem se arrepende por não ter sabido aproveitar o convívio familiar. Os dois não se falavam há anos!

Cenas frequentes, de violência doméstica, de agressões contra a esposa, faziam o filho tomar a defesa da mãe. Era o único entre os oito irmãos que tinha coragem para enfrentar aquele pai violento. Certa vez, ao disparar vários tiros na esposa, um projétil atingiu a perna do jovem adolescente franzino. Isso causou-lhe uma sequela.
Mas aquele pai que tanto beijava o filho morto, parou para ouvir minhas breves palavras. Tive a coragem de falar sobre as oportunidades que desperdiçamos, sobre o devido valor que não damos às pessoas, principalmente da família. Que devemos aproveitar enquanto estão entre nós, para dizer-lhes "eu te amo!", "Você é importante para mim"! "Conte comigo"! 
Pôr a mão no ombro, olhar nos olhos, abraçar, beijar, são gestos simples, mas muito valiosos tanto para quem oferece quanto para quem os recebe.

Antes de concluir minhas breves palavras,  aquele senhor franzino e barbudo, olhou para mim e disse: "Eu gostaria de ter feito mais por ele, mas não pude, a gente não se falava. Eu sempre tive desejos de fazer isso por ele, desde os seus 20 anos,tive muitas vezes, vontade de abraçá-lo, beijá-lo, dizer-lhe eu te amo, enfim de ser seu amigo. Acho que a família deveria tê-lo apoiado. Eu me sinto culpado"! Nesse momento, eu que já estava chorando desde o início, falei-lhe para não carregar o peso da culpa, mas para perdoá-lo e pedir perdão a Deus pelos próprios erros para com o filho.
No entanto, sabemos que ninguém é perfeito. E,sendo pais também cometemos muitas falhas. Essas coisas acontecem e nunca  ou quase nunca saberemos quando alguém será capaz de cometer gestos tresloucados e contra a própria vida.



Isis
 





 
 
 
 

Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 19/05/2013
Alterado em 20/05/2013
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