Aparecida Ramos -  Prosa e Verso

Palavras que a alma e o coração não calam.

Textos

Quando a delinquência toma um caráter muito maciço, e o

funcionamento da polícia e da Justiça está associado à corrupção,

o controle disso se torna algo altamente problemático. A prisão, na verdade, f

az parte desse contexto social que está em crise. (...)

(Manuel Barros da Motta, filósofo).

 

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 Entre algemas e agulhas

 

      Há poucos dias estive acompanhando uma pessoa num Hospital público. Confesso que fiquei mais feliz em constatar que o atendimento melhorou bastante!! Atualmente gerenciado por uma Empresa instituída pelo Governo do Estado, o Hospital (referência na Região) que atende mais de 20 cidades no entorno, está (aparentemente) mais organizado, disponibilizando melhor atendimento e, consequentemente mais tranquilidade à população que procura  aqueles serviços. 

      Durante mais de três horas fiquei observando o acolhimento/atendimento às pessoas que ali buscavam alívio para suas dores ou de algum familiar... De repente algo me chamou a atenção:

Trajando calção e camisa de malha branca, eles adentraram acompanhados de dois policiais penais. Um homem aparentando menos de 50 anos, e um jovem que, talvez tivesse no máximo 20 anos. Com as mãos algemadas para a frente, após adentrar ao recinto foram posicionados imediatamente contra a parede, sob a guarda dos policiais (devidamente armados). Enquanto os prisioneiros foram atendidos seguindo os protocolos da Instituição, fiquei refletindo sobre: qual foi o crime que esse senhor cometeu, para vir parar no presídio? Onde trabalhava, se tem esposa, filhos etc. E aquele jovem com feição de adolescente de 13/14 anos o que andou cometendo? Quem são seus pais, irmãos, algum amigo de infância. Qual foi sua participação na escola, quanto "tempo" permaneceu por lá. São questões sem respostas, sim. Mas imagino que, se "caiu a ficha" deles, devem sentir falta da companhia da mãe, do pai, da esposa ou namorada, que em outras circunstâncias sem dúvidas, estariam os acompanhando. Não tenho ideia de quais foram os delitos que os levaram à prisão, mas sei que se tivessem pensado melhor nas consequências de seus atos, quem sabe, nem estivessem doentes ou se estivessem não teriam a necessidade de utilizar algemas, nem trocar um carro ou ambulância por um "camburão".

 

       Aqui vale um lembrete, embora seja do conhecimento de todos: ficar na prisão de verdade mesmo, em nosso país... só para "ladrões de galinha" com raríssimas exceções. Isso é fato, sempre foi, sabemos.  

 

 

Imagem do Site:

Pixabay.

 

 

Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 26/09/2024
Alterado em 01/12/2024
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Comentários
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AUTISTA
É uma massagem no ego... começar o meu dia com um texto edificante seu na minha página... quanta gentileza e generosidade!!!!!... meus profundos respeitos a vc, preclara poetisa!!! Bênçãos e luz!!!!!!!
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Elciane de Lima Paulino
Amiga, suas reflexões são muito pertinentes para os limites do gênero crônica, tem um caráter universal e atemporal, provocando-nos a respostas para as questões levantadas. Parabéns!
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Troya DSouza
Parabéns poetisa! Crônica perfeita.💞🌷
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Uma Mulher Um Poema
Relevante sua crônica na contestação desse fato! Parabéns e um bom final de semana!
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Juli Lima
Boa Noite! A Violência, seja qual for, deprime. Toda moeda tem dois lados. E se vive de escolhas que se faz. Sempre se deseja o melhor... Que possamos como vc, sempre encontrar melhores condições de atendimento em todos os setores e espaços, públicos ou privados. A Esperança é a última de morre. Bj poesia

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