Tessituras do tempo
No caminho rastros de histórias se erguem e vão se avolumando. Imagens vão sendo construídas, exibindo caricaturas nas remotas lembranças. As conversas silenciaram, enquanto os risos discretos repousam sobre as molduras da saudade. As pessoas já não vivem mais naquele lugar. Haviam tantas coisas, agora ocultas perante o olhar petrificado da vida, que mal consegue dar alguns passos em direção ao rio, cuja água desapareceu inexplicavelmente. Existir naquele lugar tornou-se cruel, impossível. A vida desapareceu sutilmente em meio ao farfalhar das folhagens, agora sem vida repousando sobre o chão. A atmosfera instável traz um insuportável aroma de mofo. Os córregos estão secos e se recusam a respirar o ar que se tornou superaquecido. Apenas as palavras repousam sobre a areia, como se fossem pegadas aguardando o retorno das chuvas no inverno incerto no ano seguinte.
1 - dreamstime.com/vida-em-um-deserto-sem-image109387999 Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 10/12/2022
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