DURANTE O SONHO
Decidi abrir mão de ti
naquela tarde, quando caminhávamos sobre a areia; havia logo adiante um barro escuro, escorregadio, no qual nos atolamos e dele saímos algumas vezes. Decidi que sairias de mim, porque teu peso era quase insuportável, doía, tal e qual ponta de cascalho afiado, cortante a ponto de, aos poucos ir dilacerando as costas de minh'alma. Gradativamente fui preparando essa perda... de início, deixei de responder tuas cartas, aí fui minando tuas raízes até soltar-te por inteiro... coração livre, asas abertas sozinho ao vento. Nesse momento meu coração sentiu e meus olhos viram quando um sonho, com asas incríveis te cobriam. Vi você quase sucumbindo naquele barro, me acenava com a mão, depois ficasses imóvel, mas de onde eu estava não conseguia te socorrer. Ali, te percebi aflito, te afogando numa embocadura de areia movediça. Depois, num lance imprevisível, minha decisão encontrou a tua, e, de dentro da ruptura que partia nossas almas ressurgimos limpos e ilesos outra vez, despidos nos amando, deixando para trás as areias, o barro, o sonho, plenos e radiantes, ainda mais apaixonados, selados pelo fogo... Sob o diáfano olhar do pôr do Sol. Inspirou-me: Sonho (Pablo Neruda) www.isisdumont.prosaeverso.net Imagens nos links:
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Enviado por Aparecida Ramos em 24/01/2021
Alterado em 24/01/2021 Copyright © 2021. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |