QUANDO ELE CHEGA Nele não há excesso, mas tão somente o necessário igual o bálsamo e a dor, assim feito o dedo e a aliança, a mão e a luva, a brisa e o calor ou a fome e a esperança. Ele é puro deslumbramento se erguendo junto à penumbra que escorre na janela do pôr do Sol. É notável feito a Estrela-Guia, e esplendoroso igual o amanhecer. Tem cheiro de terra borrifada sob os pingos apressados da chuva vespertina. E sabor licoroso degustado pelo velho e bom enófilo. É o espaço entre o riso da mãe e o choro do filhinho recém nascido. Ele surge junto à catraca no ônibus, na fila do cinema ou na estação. Chega também no fim da tarde quando o trabalho permite uma pausa ou no campo junto ao cheiro do mato e a cantiga das águas do ribeirinho. Ele é suave feito pétalas de rosas, e, às vezes seu aroma de sal do suor se mistura ao perfume dos jasmins. Seja pleno de encantamento e ternura, ou se contorcendo pelas dores do mundo, é um vulcão em erupção destilando labaredas pelos cantos da boca ou esmaecido sobre a cama, delirando de amor e perguntando ao espelho se está tudo bem. ******** Imagens do Google.com www.isisdumont.prosaeverso.net Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 30/07/2019
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