Urgências que não se explicam
O momento era aquele: a alegria a inundar-lhe os olhos, onde notas de uma canção insistiam em permanecer em seus ouvidos desde o amanhecer.
Alguém quis saber o motivo, o coração optou por guardar segredo.
Enquanto escrevia o primeiro poema daquela manhã virou o rosto e olhou a mesa que ainda exibia as duas xícaras de porcelana e a garrafa de café, vazia. A noite fora bastante longa.
A melodia suave ainda pairava no ambiente,
vinda do andar de cima, era habitual em finais de semana.
O canto da sabiá (na várzea) e o Céu azul mesclado de brancas nuvens a chamaram para ir até à janela.
De lá observou alguns retalhos da mesmice do cotidiano. Seus olhos brilharam momentaneamente só de pensar no quanto a vida pode ser bem mais!
Retornou à escrivaninha, sorriu e sentiu como é importante ter um corpo para dançar, uma mente que cria e recria, desenha universos diferentes e viaja em balões de nuvens tangidas pelo vento, acompanhada de um coração que não teme em ser adepto da felicidade,
porque sente urgência não somente de ser esse amor, mas de estar com o próprio amor.
Urgência em afagar-lhe os fios de cabelos grisalhos e tocar com as digitais o céu enluarado de seu coração adolescente.
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