Tem um corpo lá na esquina Pode ser que seja apenas uma imagem
Que está sendo captada pelas lentes De alguns profissionais. Tem um corpo lá esquina, Rodeado de curiosos; alguns a prantear a triste perda, Outros murmuram, apontam o dedo, sem ao menos avaliar... Tem um corpo lá na esquina, Um quadro cinza da menina que morreu; No espaço entre as tranças e o sapato, Há um corpo que bem pode ser o meu. Talvez seja eu o seu reflexo; O olhar que remete algumas lembranças, As brincadeiras de roda no terreiro; Os ensaios de teatro à luz da lua, Vigiados por adultos cuidadosos. Tem um corpo lá na esquina, Da tela em cores cinza e vermelho, Chego mais perto e Outra imagem se condensa; observando-a Me ponho a imaginar... Vejo que somos personagens quase idênticas, Mesmo assim, jamais passamos de Vestígios a vagar... contra as sombras da Noite, que, vez por outra surpreendem, No silêncio que nem dar trégua Para gritar... Das mãos dela recolho o que sobrou. Me tinha como amiga - e é minha irmã. Em seu rosto desfigurado, transformado, Uma gélida lágrima olha pra mim E me pede para não silenciar. ****************** Ísis Dumont Inspirou-me: "Estou aqui", de (Antonio Carlos Secchin) Texto encontrado no Blog de Moacir Luís Araldi. Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 11/10/2014
Alterado em 12/10/2014 Copyright © 2014. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |