Amor no cais
Desconhecia quantas vezes se apaixonara.
Homens (diversos) brincaram com seu coração,
que já não era o mesmo de quando ali
"aportara" aos 18 anos.
Certo dia, decidira ficar, embora não tivesse noção de quanto ainda lhe reservava o destino.
A juventude ia ficando para trás.
Tinha agora quase trinta e cinco anos, vividos
entre momentos fugazes de luxo, seguidos pela
dor do abandono e da decepção.
Quantas vezes, quase desiludida da vida,
em seu mundo solitário sonhou com outras possibilidades. Naquela manhã estava ali para mais um
ritual de despedida. Ele era o único que, mesmo tendo partido outras vezes, cumpria a promessa de retornar
para seus braços. Mas, seu coração acenava-lhe um
pressentimento estranho: -"Será que ele ainda vai voltar?"
Com o peito dilacerado, a alma deprimida e os
olhos em prantos, levantou mais cedo para abraçar e beijar seu grande amor, e quem sabe, dizer adeus para sempre ao jovem bonito, elegante e conquistador,
de outras terras, que roubara seu
coração de menina desprotegida.
Era chegada a hora de partir.
Amor de marinheiro é assim...
Coração desapegado, sentimentos voláteis, sem
paradeiro fixo em lugar nenhum, igual
as espumas das ondas.
Seu olhar embaçado pelas lágrimas acompanhou à
distância até o navio sumir por inteiro.
-"Será que ele ainda vai voltar?"
Construir novos sonhos era preciso.
... Dessa vez... havia a certeza de que não
ficara sozinha.
**************** http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 08/04/2014
Alterado em 08/04/2014 Copyright © 2014. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |