Na piscina do ap
Aquela data era decisiva, havia muito tempo cuidando dos preparativos. Fazia alguns anos que sonhava com um momento igual a esse. Amigas mais íntimas deram aquela mãozinha na véspera do grande dia. Na verdade, elas também torciam para que tudo saísse conforme seus desejos. O robe de seda vermelha estava deslumbrante, prontinho para ser usado na ocasião. Não sabia se ria, chorava ou cantava de tanta emoção. Seu coração quase saindo pela boca, não via a hora de viver aquele sonho acalentado durante décadas de amarga solidão. A música preferida fora escolhida, e na mesa, além de algumas rosas em um vaso, estavam duas taças e uma garrafa de vinho, guardado ainda do jantar do último natal. A banheira preparada com esmero e carinho, chamava a atenção. Ele havia prometido telefonar quando estivesse a caminho. Afinal, morava muito distante n'outra região. Na expectativa, não desgrudou do celular... À medida que as horas iam passando a espera tormou-se cada vez mais angustiante. Já pelas tantas da tarde, "quase" desenganada começou a beber. Uma taça, duas, três... depois outra, mais outra... Ouvia a música marcante e cantava mesmo sem nenhuma afinação. Sua voz de taquara rachada, certa vez fora impecilho para que fizesse parte de um coral na cidade. Continuou bebendo, enquanto aguardava seu amado. Ele sempre fora tão pontual nos contatos. Estava ficando fora de si, quando resolveu mergulhar na banheira, vestida com o robe comprado em uma liquidação. Levara consigo a garrafa e uma taça, para não precisar adentrar na casa, visto que estava completamente encharcada. Ao lado havia uma piscina. Começou a pensar em dar um mergulho, ainda com a esperança de que breve iria vê-lo entrando e dando aquele abraço que retira os pés do chão... Continuou ouvindo a mesma música repetidas vezes. Habituada a beber nas festinhas com os amigos, conseguiu beber todo conteúdo da garrafa. Totalmente embriagada, começou a sentir um mal estar, sensação desagradável que nunca havia experimentado. Tentou chamar a vizinha, mas já nem conseguia falar. Afogou literalmente na piscina a frustração de um sonho mirabolante, o desejo por um amor que nunca existiu. Sobraram as rosas despetaladas no chão da sala, os fragmentos do vaso e uma taça que sequer foi usada. Isis Dumont Com amor e carinho, um beijo de gratidão por sua visita! Lindo e abençoado domingo para você e família! rs Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 03/11/2013
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