Aparecida Ramos - Prosa e Verso
Palavras que a alma e o coração não calam.
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Quem é Ela???




Meia noite, estou sem sono,
Sentada na poltrona...
Acalento o doce sonho
De viver num mundo de paz...
Onde a paz que vivencio não
Seja apenas minha...
Fecho os olhos por um instante,
Penso em Deus!
Minha sensação (de paz) dura pouco.
Me questiono:
Onde Ele é mais "urgente" a esta hora?...
Meu coração pressente algo,
A resposta não demora!
Escuto um grito, um chamado, um brado!
Um pedido de socorro, desesperado!!!
Na sequência ouço estampidos...
Tiros... tiros e mais e mais tiros!!!
Escuto choro abafado...
Em seguida, gritos angustiados!
Lamento desesperado!!!
Mãe é isso, um sofrer constante,
Coração em desperdiço.
Ver o filho agonizante!!!
Sem ter para quem apelar.
Sua dor?... Ninguém vai remediar!!!
Porque remédio não há mais!!!
Mas... quem é ela???

É Maria, faxineira, mãe do flanelinha
É Lúcia, professora, mãe do balconista
É Ester, empresária, mãe da nutricionista
É Vânia, psicóloga, mãe do universitário
É, Marlene, manicure, mãe do "viciado"
É Beatriz, defensora, mãe do bacharel
É Sueli, cozinheira, mãe da estudante 
É Estela, dona de casa, mãe do policial
É Márcia, gerente, mãe do dançarino
É Dolores, taxista, mãe da recepcionista
É Soraia, doméstica, mãe do jardineiro
É Luzia, odontóloga, mãe do jornalista
É Márcia, catadora, mãe do artista de circo....
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A sequência (de nomes) não cabe no poema nem em nenhuma página, porque é infinita, abrange todas as cores, todas as classes. E ninguém está "imune". A violência não exclui nível, classe social, raça etc.
Choro, lamento, gritos, dores, desespero, viraram rotina, "parece" que fazem parte,
naturalmente do cotidiano das paisagens das grandes e médias cidades, principalmente. Essa é a impressão que fica, das cenas de violência que na maioria das vezes acaba em mortes, e mortes de pessoas inocentes. De tão repetitivas, podem parecer "normais" e isso é muito sério, é gravíssimo!!! As nossas vistas e a nossa mente, ainda que estejam cansadas de tanto olhar precisam "ver" e se indignar!!! Jamais devemos aceitar essa Violência absurda, com olhar de indiferença ou  "naturalidade"!!! Não sabemos se amanhã ou depois somos nós os próximos a lamentar, a prantear a perda de entes queridos, filhos, parentes ou amigos...
Qual homem tem poder de restituir a vida??? Qual ser humano, por mais "gênio" que seja é capaz de criar, de dar vida, sequer um grão de mostarda ou o menor dos seres vivos??? A vida do próximo não é propriedade particular de ninguém!!! A vida-é dom gratuito de Deus (para os que acreditam)!!! Portanto, NINGUÉM TEM O DIREITO DE ROUBÁ-LA DOS SEUS SEMELHANTES!!!!!!!!

PS.: Sou, igualmente solidária à dor, à revolta e ao desespero dos pais, mas quis aqui representar apenas as mães, porque a dor delas é ímpar, sem igual, não tem comparação. É dor que se leva para a eternidade!!! Sou mãe e avó, por isso, carrego comigo a dor de todas as mães do Brasil e do mundo. Quisera (sei que seria pretensão demais) ter o poder de fazer "algo" além de minhas lágrimas e orações, que amenizasse um pouquinho tamanho sofrimento!!!
O que esperar da legislação, da justiça de um país, cujas autoridades "responsáveis" viram as costas, ignoram, são insensíveis e omissas, mesmo assistindo ao "banho de sangue" que resulta da violência nas ruas, bares, clubes, universidades, favelas, condomínios, becos e guetos de nossas cidades???



Isis Dumont

 


Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 04/01/2013
Alterado em 04/01/2013
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