UM DIA DE MARIA
Os passarinhos cantam A Estrela desaparece, O sol renasce Para o dia que amanhece. Maria levanta Eleva aos céus uma prece, Acende o fogão (que já foi de lenha) E a chaleira aquece. Faz um gostoso café E à família oferece, Depois arruma a casa Seu ego enobrece. Lava roupa, faz almoço Seu cansaço cresce, Organiza os pratos na mesa Sua família merece. A rotina continua Até quando anoitece, O jantar é servido Depois, a família adormece. Ao chegar o outro dia O ritual permanece, Maria nunca reclama Nem ninguém lhe agradece! -2006-
Para todas as mulheres (Marias ou não) que vivem a exaustiva, desvalorizada e repetitiva vida de "doméstica" para suas famílias. Mulheres sem rosto e "sem gosto", anônimas, sem direitos, sem instrução, sem lazer, sem gratidão em sua grande maioria. Mulheres, mães que "não trabalham", "trabalha só em casa" ou " lá em casa só quem trabalha é meu pai"! É assim que respondem as crianças (que crescem ouvindo os pais dizerem que a mulher não trabalha!) na escola ou em outro lugar quando são perguntadas. A essas meu reconhecimento por sua relevante importância em nossa sociedade, e pela vida de dureza que levam. A partir de agora, felizmente, elas vão poder contar com o direito a uma aposentadoria e outros benefícios, é obvio, àquelas que não forem prejudicadas pela... falta de instrução!
Isis Dumont/2011 Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 20/10/2011
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