Aparecida Ramos - Prosa e Verso
Palavras que a alma e o coração não calam.
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LEMBRA COMO FOI EMOCIONANTE?






Era a primeira semana da primavera, uma segunda feira, fomos à clínica para realizar o primeiro exame. A partir desse dia veio a confirmação tão esperada! Eu estava grávida de nossa primeira filha... Nossa! Ficamos tão felizes! Parecíamos adolescentes vivendo a primeira paixão. Nossos olhos encheram-se de lágrimas de tanta emoção! Haviam se passado quatro anos de nosso casamento, e nesse período, certa vez, você foi diagnosticado como "infértil" mediante um problema de infância. Apesar disso não perdemos a esperança... Você comemorou junto comigo, me abraçou com força, me beijou tantas vezes, me colocou nos braços, me levou para o quarto. Lembro que pôs uma música romântica e até dançamos um pouco. No dia seguinte, a primeira atitude foi ligar para nossos pais, demais familiares e amigos íntimos. Todos se alegraram com a novidade e a notícia espalhou-se também entre vizinhos.

Foram várias idas e vindas durante o pré-natal. Nossa grande preocupação era tão somente que tudo transcorresse dentro da normalidade, para que nem eu nem nossa filha tivéssemos nenhuma complicação.
Felizmente não tive nenhum problema que merecesse maior atenção ou cuidados médicos. Foram nove meses de saúde plena e de expectativa. 

Juntos fizemos as compras do enxoval, várias roupinhas escolhidas com muito carinho. Eu já a imaginava usando os vestidinhos lindos que compramos como se fosse para uma princesa. E, de fato ela era aguardada como uma princesinha de verdade! Chegou o dia do parto, tudo estava pronto. Você me acompanhou, esteve ao meu lado o tempo todo. O parto natural, me permitiu voltar para casa antes de 24h.
Nossa filha cresceu linda, inteligente e muito esperta! Curiosa, queria saber de tudo! Quantas vezes nos deixou “sem palavras” mediante as perguntas que nos fazia, ainda menina.

Mas... o tempo passou tão depressa e nossa menina cresceu, estudou, concluiu o ensino médio e se preparou melhor para o vestibular, frequentando aulas em um cursinho renomado na cidade. Há exatamente três anos, comemorava conosco e com os amigos, a aprovação simultânea em duas universidades. Optou pela faculdade de medicina, sempre teve o sonho de ser médica pediatra. Sua vida de estudante universitária, aos 18 anos, fazia com que não tivesse muita disponibilidade para diversão nem para namorar. Seu principal objetivo era sua formação e, posteriormente a carreira profissional. O amor, algo mais sério, poderia esperar, costumava falar...

No entanto, foi durante uma festa de aniversário na casa de uma amiga, que nossa linda filha conheceu um jovem e por ele se apaixonou. Rapaz de boa família, sem vícios, trabalhador, inclusive formado em administração de empresas. Não demorou muito e fomos conhecer sua família, que nos recebeu com simpatia e educação. Tinhamos um bom relacionamento com seus familiares. Não foi difícil simpatizar e conviver com o jovem, era como se já fosse de nossa família. Estávamos certos de que, em um futuro breve, se casariam e seriam muito felizes.

O que jamais imaginávamos era que um dia, na saída da faculdade, quando foi buscá-la, o homem que jurava diante das pessoas, amá-la por toda vida, teria um ataque de ciúmes e a mataria ali mesmo, com cinco tiros, diante dos amigos em plena via pública...

Nossa dor não tem tamanho! Toda família ficou destroçada, arruinada! Somos zumbis vivos a perambular pelas ruas e praças onde ela costumava sentar e se divertir com amigos de infância e da faculdade.
Nosso mundo adquiriu cor cinza, nossos olhos choram todos os dias a dor da perda que agora fez morada em nossos corações partidos.

 

... Mãe de Raquel (única filha), jovem universitária, cheia de planos, assassinada em outubro de 2012, pelo namorado, Rudinei, que conhecera havia seis meses.
 

Isis Dumont

 
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 18/10/2013
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