Aparecida Ramos - Prosa e Verso
Palavras que a alma e o coração não calam.
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Textos
 
Em Busca do Amor (Reeditado)



A mágica do amor transformara aquele olhar que durante muito tempo perdera o brilho natural.  Atos simples como andar, rir, falar ficaram mais agradáveis, atraentes e leves. Havia um brilho diferente no olhar. O sorriso de felicidade passou a fazer parte da decoração daquele cartão de visita que seu rosto expressara. Todas as pessoas que faziam parte de seu círculo de amizades (e entre essas seus familiares) perceberam o quanto sua vida havia se transformado.  Mas havia algo que os deixava "com o pé atrás". Não acreditavam tanto num final feliz para aquele romance que nascera de uma atração virtual. Entretanto, mesmo contrariando orientações de amigos e familiares e não vendo razões que lhe impedissem de ir em busca da felicidade, decidira levar adiante a história de amor na qual se envolvera de alma e corpo.
Tudo havia sido acordado entre os dois. A convicção de que nada poderia dar errado fizera com que seu entuasiasmo fosse cada vez maior. Acreditava literalmente ter feito a melhor escolha de sua vida. Afinal, já tinha idade suficiente para tomar decisões e não aceitar que terceiros lhe indicassem o melhor caminho a seguir.
O inverno se aproximara e nessa estação uma tempestade desabara certo dia, causando graves transtornos na cidade e região onde morava.   Rodovias interditadas, pontes danificadas e parte do aeroporto fora também destruída. Faltou pouco para que seu plano desandasse naquela semana.
Um funcionário (da casa) de maior confiança prestara-lhe auxílio na hora de arrumar as malas e depois, conduzindo-a até o aeroporto. A cidade (de destino) ficava em outro Estad, muito distante, daí a necessidade de conduzir uma bagagem maior. Nunca gostou de viajar com pouca roupa nem com objetos pessoais em quantidades insuficientes. Nem previa quanto tempo iria permanecer por lá, mas no silêncio de seu coração planejava ficar o resto do ano e só retornar para oficializar a união, trocar as alianças e assim poder dar uma satisfação à família e à sociedade.
Reservara o bilhete para as primeiras horas de um dia de sábado, justamente por tratar-se de final de semana onde poderiam aproveitar mais tempo juntos. 
Durante a viagem só pensava no grande amor da sua vida. Seu coração acelerado, ofegante contava as horas, minutos e segundos que restavam para aquele que seria o maior e melhor momento de sua vida.
No entanto, algo surpreendente acontecera. Uma falsa ameaça de bomba fizera com que o  avião sofresse desvio de rota para outra cidade.
Quando enfim conseguiu chegar ao destino não vira nem sinal do amor da sua vida. Mas... seu pensamento criativo e próprio de quem está apaixonado, logo encontrou uma solução. Imaginou que, talvez um ligeiro mal estar associado ao atraso no voo tivessem contribuído para que o desencontro fosse inevitável. Tentou várias vezes contato pelo celular, mas só ouvia a gravação eletrônica  da caixa postal. Milagrosamente nem se aborreceu por estar ali sem contato, sem companhia e em lugar desconhecido. Afinal, havia aprendido com sua mãe desde cedo que o amor tudo suporta, tudo compreende e tudo perdoa. Seu coração lhe dizia que logo mais descontaria todo atraso e isso lhe trazia resignação. 
Decidida, ali mesmo no aeroporto tomou um taxi e partiu em busca do endereço mais desejado naquele final de tarde.
O taxista a deixara na portaria do edifício. Não foi difícil localizar o apartamento que constava no endereço.  Ao deixar o elevador caminhou alguns metros e já estava em frente ao ap. Naquele momento um calafrio  inexplicável apoderou-se do seu corpo inteiro. Com as pernas trôpegas e mãos trêmulas apoiou-se na parede do imóvel. Transpirava muito como se estivesse com uma febre de mais de 40º. Quase rastejando, aproximou-se da janela e na ponta dos pés conseguiu visualizar  o interior de um pequeno cômodo. O cenário era o mais misterioso e obscuro que alguém poderia imaginar. Imagens negras e indecifráveis compunham aquele quadro de horror, onde vozes tenebrosas se faziam sussurrar... Um temporal começou a cair e parecia castigar a cidade. Relâmpagos e trovões cortavam o céu, impiedosamente, e isso causou uma pane no sistema de energia elétrica. Nenhum outro vivente era "visto" por ali... A escuridão e o silêncio apoderaram-se também do seu interior. Não via nem ouvia som algum. Tentara falar, mas a voz estava presa, nem um som gutural conseguira emitir. De repente não sentia mais o solo em baixo dos pés. A sensação era de um vácuo sem fim, que cada vez mais puxava-lhe para baixo. Respirava com dificuldades devido a tanto esforço para não sucumbir àquele porão aterrorizador. Aos poucos, diante de tanto pavor, começa ouvir passos na escada. Sente uma presença nefasta ao seu lado. Um forte cheiro de enxofre invade-lhe as narinas e a temperatura ambiente começa a ficar insuportável. Imagina está à beira de um incêndio de grandes proporções. Seu corpo continua a descida para o abismo. Nesse momento o visitante macabro agarra-lhe o pescoço, com garras tão afiadas que traspassaram-lhe a garganta. Sentiu o próprio sangue quente saindo em forma de jato. Sobre o corpo as vestes encharcadas e coladas na pele, que aderiam ainda mais em contato com o sangue.  Percebera o vulto demoníaco ao seu lado. Conseguiu visualizar em lugar dos olhos duas tochas horripilantes. Enfim, o viu bebendo o sangue que jorrava, em grandes goles, tentando matar sua sede insaciável. Mas, à medida que bebia regurgitava sobre a mesma e, emitindo uivos assustadores, bradava junto ao seu ouvido para que o ajudasse a reaproveitar.


 
Isis

Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 08/07/2013
Alterado em 11/07/2013
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