Aparecida Ramos - Prosa e Verso
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GÊNERO E CORRUPÇÃO


Para compreendermos a conexão entre gênero e corrupção, é necessário, inicialmente postular que, na história da teoria política, homens e mulheres são associados a diferentes modos de pensar e sentir. Essa distinção teve como causa, segundo Kymlicka (2006), a distinção entre os domínios público e privado, na qual os homens são vistos como participantes da esfera pública e as mulheres da esfera privada. A partir dessa separação, as disposições particularistas, emocionais e intuitivas foram vistas como pertencentes à vida doméstica das mulheres, e o pensamento imparcial, desapaixonado e racional como fazendo parte da vida pública dos homens. De acordo com Friedman (1987):

"as tarefas de governar, regulamentar a ordem social e administrar outras instituições "públicas" foram monopolizadas pelos homens como seu domínio privilegiado e as tarefas de sustentar as relações sociais privatizadas foram impostas ou deixadas às mulheres. Os gêneros, portanto foram concebidos em termos de projetos morais especiais e distintos. (Friedman, 1987, p. 94)"
É assim que, para uma corrente significativa do feminismo contemporâneo, nós deveríamos analisar seriamente a moralidade diferente das mulheres. Na origem da relevância dada à moralidade feminina encontramos a argumentação construída por Carol Gilligan (1982), a qual deu parte da contribuição para sustentar a defesa da idéia de que as mulheres seriam "menos corruptas" do que os homens. (...)

Assim,
os homens seriam guiados por uma lógica da justiça, na qual a responsabilidade é uma limitação à ação, a obrigação é respeitar o direito dos outros, as regras existiriam para limitar a interferência dos outros, o ponto de partida seria a separação do eu com o mundo e na qual o ideal é que todos como possuindo igual valor.

As mulheres, por sua vez, teriam uma ética do cuidado na qual a responsabilidade é pensar nos outros, a obrigação seria a de cuidar, as respostas seriam contextuais, sempre tentando ser o mais abrangente possível, o ponto de partida sendo, assim, a conexão do eu com o mundo, na qual o ideal é que todos sejam correspondidos e incluídos, ninguém ficando de fora. Para essa ética do cuidado, é central a idéia de que o eu e o outro são interdependentes.
(...)
(...) O acesso das mulheres , como de outros grupos politicamente excluídos, às esferas de deliberação pública é necessário não porque elas compartilham os mesmos interesses ou opiniões, mas porque elas partem de uma mesma perspectiva social, vinculada a certos padrões de experiência de vida.

É dessa forma que entendemos como as mulheres podem ser menos corruptas: a participação delas na arena política seria diferente da masculina porque os dois lados ocupam posições diferentes na formação social. 
(...)
A partir dessa discussão teórica, vimos que existe uma associação forte entre mulheres no poder e menores índices de corrupção, assim como uma grande discussão sobre se existe ou não comportamentos morais distintos entre os sexos. Voltamo-nos então para as mulheres brasileiras conectadas com o espaço político a fim de perceber como elas associam o sexo do representante com comportamentos mais ou menos corruptos.

Pesquisa no Livro "Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados"

Isis Dumont



Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 28/05/2012
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