Aparecida Ramos - Prosa e Verso
Palavras que a alma e o coração não calam.
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Textos

PALAVRAS DO SILÊNCIO


É quase meia noite. Na sala onde escrevo, apenas o silêncio ousa me acompanhar. Insiste em bisbilhotar as minhas frases sem nexo, formadas a partir de palavras sonolentas que mal conseguem manter-se de pé junto ao notbook.
Estou em outra cidade, por isso, posso escrever a uma hora dessas. Estou livre para dormir quando o sono estiver disposto a me levar para a cama.  Pelo menos hoje, não tenho de ouvir alguém falar que já é hora de dormir rsrs.
Observo, através da grade da porta os pontos de luz que iluminam a cidade.  O cenário diante de mim é dos mais belos. A residência fica num primeiro andar numa rua bastante elevada, por isso, posso ver lá em baixo essa imagem que me inspira.
A calmaria que predomina a essa hora, em vez de me tranquilizar, assusta um pouco. Em casa, todos já se recolheram. Só eu permaneço à espera da boa vontade das palavras, das quais, há bastante tempo sou dependente. Silêncio demais também intedia, às vezes. Sinto falta de algumas vozes, falta de alguém por perto para me contar como foi o dia e sobre quais são os planos para amanhã que já é hoje, porque já passa de 00:00h. Não estou habituada a ficar isolada.

Nesse momento penso nas pessoas que sofrem de insônia, aquelas que quando não tomam a medicação controlada não conseguem "fechar" os olhos. Mas penso também naqueles que vivem na solidão, que moram sozinhos ou sentem-se a sós mesmo morando com outras pessoas. Não é incomum alguém sentir-se só no meio da multidão. Muita gente já experimentou essa sensação.

A falta de confiança, de sintonia com a outra pessoa, faz com que alguém sinta-se isolado. Nesses casos não há confidência nem tão pouco cumplicidade. Conheço várias pessoas que vivem algo semelhante. Juntos, mas em pontos extremos. Não deveria ser comum, mas é.

Pessoas convivem sob o mesmo teto sem ser verdadeiramente amigas, onde uma relação de amizade, de cumplicidade, deixa tudo a desejar. Nessas situações, dar para ver que é bem mais fácil ser "amigo (a)" do que ser "companheiro (a)".

Penso também em quem estar sofrendo por amor. A dor de não ter diante dos olhos a pessoa amada, sonhada, desejada, é dor irremediável. É sofrimento que tortura, traz amargura, principalmente se é um amor impossível. É "patologia" gravíssima para a qual não há especialista. E todos os medicamentos são contraindicados e profundos causadores de sérios efeitos colaterais ao "paciente".

Imagino quantas poetisas e poetas estão a escrever suas poesias, estão a exaltar a pessoa amada em versos tristes, apaixonados, sensuais, calientes ou simplesmente em frases arrancadas do âmago da alma. Da alma que resiste em aceitar que é hora de dormir, porque dormir longe de quem se ama significa deixar de viver e parar de lembrar (enquanto dorme e se conseguir dormir) desse amor que, ao menos por algum tempo,  mantém de pé a estrutura do poeta.

Isis Dumont
Imagem do Google

 
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 21/03/2012
Alterado em 21/03/2012
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